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Carlos Gabas: Reforma da Previdência é pacote de maldades

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“Na forma, porque mandam um pacote de maldades sem conversar com ninguém”, afirma, referindo-se à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287, apresentada no início da semana e encaminhada ao Congresso, onde já teve parecer favorável do relator na Comissão de Constituição e Justiça, deputado Alceu Moreira (PMDB-RS) – conforme ele mesmo adiantou, autodenominando-se “the flash”, pela agilidade no parecer.

E no conteúdo porque não existe um “descontrole” de despesa. “O que há é uma queda brutal de arrecadação. Você não pode, por um problema de arrecadação, tirar direitos. O remédio é crescimento econômico”, diz Gabas. Para ele, as PECs 287 e 55, de congelamento de gastos primários por 20 anos, representam o pagamento do governo Temer para quem ajudou a bancar o golpe que derrubou a presidenta Dilma Rousseff.

Gabas observa que “coincidentemente, ou não”, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional divulgou terça-feira (6) um relatório destacando R$ 1,8 trilhão em dívidas a serem cobradas. “Um número até pequeno de contribuintes, cerca de 13 mil, entre empresas e pessoas físicas. Não se fez nenhum esforço até agora para cobrar esse dinheiro, e por um outro lado você está tratando de retirar direitos, que é uma medida permanente que afeta especialmente o trabalhador mais pobre”, afirma o ex-ministro.

“Uma quantia pequena ganha o teto, que é R$ 5.189. A média dos benefícios pagos pela Previdência é de R$ 1.500, R$ 1.600. Então, estamos falando de uma parcela pobre da sociedade. Mais de dois terços do conjunto de benefícios, cerca de 34 milhões, é de um salário mínimo”, observa. Assim, o governo elabora medidas que, na visão de Gabas, contempla o ponto de vista econômico, com matriz na Fazenda – que, conta, sempre pressionou por reformas –, prejudicando trabalhadores de menor renda. Para ele, por meio do diálogo, sem imposição ou “toque de caixa”, era possível encontrar alternativas de financiamento, preservando direitos.

Confira a entrevista:

A reforma é necessária, então?

Quando eu falo necessária é de um desafio que a gente enfrenta, que é a transição demográfica. Estamos vivendo mais e envelhecendo. Claro que de alguma maneira precisamos atualizar essas regras. A presidenta, percebendo a necessidade, editou um decreto que convocou o Fórum Nacional do Trabalho e da Previdência Social (oficialmente, Fórum de Debates sobre Políticas de Emprego, Trabalho e Renda e Previdência Social). Não é só Previdência. O mercado de trabalho influencia a Previdência, tanto nas aposentadorias quanto na sua arrecadação, principalmente. Então, você não pode tratar como uma coisa isolada.

No início deste ano, ainda na gestão Dilma, o governo pretendia encaminhar um conjunto de propostas…

O governo não pretendia encaminhar. Nós vínhamos debatendo, e quem pressionava muito para encaminhar uma proposta, com debate ou sem debate, como sempre, era o Ministério da Fazenda. Joaquim Levy queria muito que mandasse uma proposta para o Congresso. Nós resistimos, a presidenta resistiu, porque entendeu que não era possível fazer uma mexida que alcança grande parte da sociedade, especialmente os mais pobres, sem fazer um debate. Qual é a conta, quem vai pagar a conta. Primeiro, tínhamos de discutir a cobrança das dívidas, o fim das renúncias – a Previdência paga muita conta que não é dela. Aí, depois disso, debater com os trabalhadores quais regras deveriam ser atualizadas. Isso com muita tranquilidade, sem toque de caixa, sem essa pressa toda, que na verdade é para atender ao mercado. A PEC 55, a PEC do fim do mundo, mais a PEC da Previdência, é o pagamento do governo Temer ao golpe, a quem patrocinou o golpe, é uma continuidade dele. Nós dizíamos que, com o golpe, quem vai perder é o trabalhador. Não era à toa. Taí a resposta para o que dissemos lá atrás. É o compromisso desse governo com as elites, que não querem pagar imposto, que sonegam, que são devedores, mas para resolver o problema de caixa atinge o trabalhador.

A equiparação entre homem e mulher é um dos pontos críticos dessa proposta?

Esse é um deles. Você não pode igualar dessa maneira o tempo de contribuição e idade de mulheres e homens. Nós não temos uma sociedade igual. Vamos dar um exemplo: uma mulher que tiver 44 anos e tenha começado a trabalhar aos 15, está com 29 anos de trabalho, falta um para se aposentar. Ela vai de trabalhar mais 16 anos. Isso é cruel. E mais ainda: a maldade não é só contra as mulheres. Se você observar, a nova regra prevê aposentadoria só aos 65 anos de idade. Tem de ter 25 de contribuição. Mas ela mexe no cálculo da aposentadoria. Não é mais 100% do valor da média, é 51% mais um 1% a cada ano trabalhado e contribuído. Significa dizer que o trabalhador, para ter 100%, para ter sua aposentadoria integral, vai ter de trabalhar até os 65 anos e ter no mínimo 49 anos de contribuição. Isso nenhum país do mundo tem, é muito maior que a média da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). É botar na conta do trabalhador uma responsabilidade que não é dele, é da crise econômica.

E os outros itens?

Outro ponto que também é bastante cruel são os trabalhadores rurais. A medida que eles propõem praticamente acaba com a Previdência rural. O segurado especial, são pequenos agricultores, propriedades de até quatro módulos fiscais, são responsáveis por mais de 70% da produção de alimentos do país. Isso, por si só, já é uma contribuição imensa à sociedade, mas não para por aí. Eles contribuem, sim, com a Previdência Social, não é só com a produção de alimentos. A maioria dos alimentos vem da pequena propriedade. A Constituição previu uma política de proteção ao homem do campo. Ao estabelecer a igualdade de idade – hoje o homem do campo, segurado especial, se aposenta aos 60 anos o homem, aos 55 anos a mulher –, foi todo mundo para 65. E mais, ele vai ser obrigado a contribuir mensalmente, igual aos trabalhadores urbanos. Agora, você imagina se isso é viável. Você vai para o sertão do país, tem um camponês lá trabalhando a terra, ele para o trabalho dele para ir determinado dia do mês recolher uma guia da Previdência Social no banco. Primeiro, ele nem sabe o que é, nem vai saber. Segundo, não tem dinheiro para fazer isso. A contribuição dele se dava na medida em que ele comercializava a produção, ou se não diretamente por ele por substituição tributária, quem comprava a produção dele pagava no meio da comercialização. Isso não vai valer mais. Ele vai ser obrigado a contribuir todo mês, ou não vai se aposentar. Por isso que, na minha avaliação, é o fim da aposentadoria rural.

Outro aspecto é o BPC/Loas (Benefício da Prestação Continuada da Lei Orgânica da Assistência Social), que é pago a idosos e deficientes, pobres. Hoje é pago aos 65, eles elevam para 70 anos. Isso vai dificultar muito a vida de quem já sofre. E um outro aspecto: todas as aposentadorias e pensões passam a pagar contribuição à Previdência. Para quem já é aposentado, já é uma redução de salário. E (a proposta) desvincula tanto BPC/Loas quanto as pensões do salário mínimo. Uma senhora que é casada com um aposentado, que recebe salário mínimo, fica viúva, vai receber metade do salário mínimo. Hoje, com a regra atual, não é possível, ninguém ganha menos que um salário mínimo. Eles tiraram essa previsão legal e pode ter benefício menor. Então, ataca, afronta, os direitos do trabalhador. É uma medida que tenta resolver uma crise econômica às custas do trabalhador.

A perda de perspectiva de se aposentar com a nova regra não podem fazer com que as pessoas percam a esperança e passem para o setor privado, piorando ainda mais o sistema público?

De alguma maneira, isso pode acontecer. Mas o fato é que o cidadão pobre não tem alternativa, ele não vai pagar previdência privada. O que ele pode fazer é deixar de pagar, o contribuinte individual, aquele que é responsável pelo seu recolhimento. Mas a maioria é trabalhador, desconta em folha, não tem como fugir disso. Por isso que a solução para ele é lutar, tentar garantir seus direitos, não sair para outro modelo, porque ele não pode.

Há uma PEC agora em tramitação. Como esse debate pode ser feito para evitar uma desconstrução do sistema? Porque o governo apresenta como fato consumado e inevitável.

O governo apresenta como consumado porque, entre aspas, tem maioria no Congresso. Acho improvável, e impossível até, que as centrais sindicais não venham a se manifestar contra essa proposta. Tem de ir para dentro do Congresso Nacional e pressionar. Uma coisa é você ter maioria para aprovar medidas, outra é ter para retirar direitos. O nosso principal argumento é que não existe um descontrole nas despesas. Se você pegar gráfico das despesas nos últimos anos, claro que tem um crescimento vegetativo, mas só isso. De 2014 para 2015, inclusive, caiu. Existe uma queda de arrecadação que você não pode atribuir ao trabalhador. Na nossa avaliação, a saída para o equilíbrio da Previdência e para o mercado de trabalho é retomada do crescimento, o Brasil precisa ter mais emprego, mais renda. E não se faz isso com a PEC 55, a PEC da maldade, congelando investimento, inclusive na saúde e na educação. É absurdo. O governo tem de ser indutor do crescimento. Da forma como estão propondo, eles vão patrocinar a recessão, e quem ganha com isso é o rentista, quem tem dinheiro aplicado em banco e vive de juros, e não podemos voltar a esse patamar atrasado da economia brasileira.

É justo, ou correto, falar em déficit da Previdência, considerando que é uma política também, um modelo de financiamento…?

Você pode falar em déficit, mas não pode misturar as coisas que não são misturáveis. Se você pegar a Previdência urbana, está estruturada na contribuição da empresa sobre folha de salários, você pega a despesa com aposentados, pensionistas, benefícios urbanos, e a receita, isso ao longo dos últimos anos vinha dando superávit, chegou a dar R$ 20 bilhões de superávit/ano. Então, você compara urbano com urbano. Hoje, ela está deficitária. O que normalmente se faz, maldosamente, é misturar o rural, que não tem folha de salário. Você não pode comparar à Previdência urbana, que arrecada em cima de uma base, de uma massa salarial, que tem uma contribuição. O rural é sobre a forma de ampliação da produção, então não foi feito, com essa arrecadação, para ser superavitário. Por isso o legislador incluiu, no conceito de seguridade social, arrecadação da Cofins e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. O que acontece é que a Fazenda nunca atribui essa arrecadação ao orçamento da seguridade ou da Previdência, por isso que falta dinheiro.

A idade mínima é outra maldade dessa PEC?

Você estabelecer uma idade mínima pura e simples, como eles fizeram, ela nem é 65, ela é móvel. Cada vez que a expectativa de sobrevida medida pelo IBGE atingir um ano a mais, a idade mínima sobe um ano também. Para você ter uma ideia, nos últimos 10, 12 anos, essa expectativa de sobrevida subiu 4,6 anos. Então, significa dizer que nos próximos anos 65 vai virar 66, 67, assim por diante. Isso é cruel com o trabalhador que começa cedo. Quem começou aos 14, 15 anos, vai trabalhar mais de 50 anos para poder ter direito ao benefícios. É uma medida muito dura com os trabalhadores que têm menor qualificação, menor renda. São os postos de trabalho que exigem mais fisicamente, têm um desgaste de sua saúde maior ao longo dos anos de trabalho.

A Fazenda, ainda nos governos anteriores, era favorável a uma idade mínima.

A Fazenda sempre, em todos os aspectos da reforma, defendeu uma visão econômica. Por isso que nós tínhamos o Ministério da Previdência, como uma política central, tanto no governo da presidente como no governo do presidente Lula, em que não se discutia previdência sem o ministro da Previdência. A gente debatia internamente, e vencemos em todas as vezes. Nunca se fez um pacote de maldades desse, tirando direitos dos trabalhadores em detrimento da proteção previdenciária. Ocorre que o governo atual primeiro acabou com o Ministério da Previdência, fez essa política no Ministério da Fazenda, por isso o conjunto de maldades tão grande.

Como o sr. falou, é preciso considerar que existe de fato uma mudança demográfica no país, isso muda a proporção entre contribuintes e aposentados…

Esse é nosso desafio.

É preciso mexer, então, mas o que pode ser feito?

Precisa atualizar regras, é verdade. Não necessariamente você tem de fazer de maneira unilateral e com um saco de maldades tão grande. Se você debater com os atores do processo, que são os empresários, os trabalhadores, os aposentados, o próprio governo, pode encontrar alternativas de fontes de financiamento, de funcionamento, de fim de isenção, que ajude a equilibrar sem retirar direitos.

Fonte: Rede Brasil Atual

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Campanha “Se renda à infância” incentiva destinação de Imposto de Renda à proteção de crianças e adolescentes

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Pessoas físicas e jurídicas podem destinar parte do Imposto de Renda para o financiamento de programas e projetos de promoção de direitos de crianças e adolescentes. A campanha “Se renda à infância 2024”, desenvolvida pelo CNJ em parceria com a Receita Federal, incentiva cidadãos a apoairem essa causa. A iniciativa não gera custos para o contribuinte, pois o valor destinado é parte do montante devido à Receita Federal.

Combate efetivo ao trabalho infantil 

A campanha está em sua quarta edição e conta com o apoio da Justiça do Trabalho gaúcha. A juíza Aline Fagundes, gestora regional do Programa de Combate ao Trabalho Infantil, ressalta que é necessário combinar medidas que impeçam a tomada de mão de obra em idade precoce com ações que ofereçam alternativas eficazes e saudáveis. “A ação isolada de proibição do trabalho da criança é de baixa eficácia, pois a vítima acaba precisando voltar a essas atividades na busca pela sobrevivência”, pondera. A magistrada acrescenta que  a campanha “Se Renda à Infância” fortalece entidades que atuam na construção de uma estrutura capaz de assegurar um ambiente propício ao desenvolvimento das crianças e adolescentes. “Além do mais, é uma oportunidade de tornar-se ator dessa causa tão especial”, observa. 

Saiba como participar

Para participar, basta fazer a destinação no momento de preencher a declaração do Imposto de Renda, até 31 de maio. O procedimento é simples. Ao preencher o formulário, é preciso clicar em “Doações Diretamente na Declaração”; em seguida, selecionar as abas “Criança e Adolescente” e “Novo”. Agora, é o momento de escolher o fundo que receberá a doação. O contribuinte pode selecionar entre fundo municipal, estadual ou nacional a quem deseja doar e o respectivo percentual.

Nesse caso, quando a doação é feita dentro da declaração de Imposto de Renda, o limite máximo é de 3% sobre o imposto devido para cada fundo, que são dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Pessoa Idosa. Não é preciso calcular nada, porque o programa da Receita Federal efetua as somas disponíveis e calcula automaticamente.

O último passo é, no momento de enviar a declaração, imprimir e pagar o Darf, que é o Documento de Arrecadação de Receitas Federais, para cada destinação informada. Isso no caso de o contribuinte ter indicado dois fundos. Os valores pagos por meio do Darf depois serão compensados e o contribuinte não pagará nada além do seu imposto devido.

Ou seja, os recursos destinados aos fundos são descontados do total do imposto devido. Se o contribuinte tiver imposto a pagar, o percentual que ele indicou será subtraído do saldo devedor. Já se tiver direito à restituição, o total que destinou para doação será somado ao valor a ser recebido.

É bom lembrar que a doação aos fundos só pode ser acessada por quem preenche a declaração no modelo completo. Se a opção for pela declaração simplificada, não é possível doar qualquer percentual.

Fiscalização

Os valores recebidos pelos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente são administrados pelos Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente – colegiados com a participação do Executivo e de membros da sociedade civil. Cabe a esses conselhos a destinação dos recursos para os projetos das instituições sociais.

A fiscalização, o controle e a prestação de contas para a sociedade dos recursos destinados à campanha “Se Renda à Infância” também estão a cargo dos Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente, nos níveis nacional, estaduais, distritais ou municipais, dos Tribunais de Contas e do Ministério Público.

Iniciativa

O CNJ promove a campanha “Se Renda à Infância” desde 2021 para incentivar a realização de projetos voltados à promoção de direitos e cidadania de crianças e adolescentes, especialmente aqueles em situação de risco e vulnerabilidade, como por exemplo, em medida protetiva de acolhimento ou em cumprimento de medidas socioeducativa. A campanha “Se Renda à Infância 2024” é vinculada ao Pacto Nacional pela Primeira Infância.

Fim do corpo da notícia.

Fonte: Secom/TRT-4 com informações do CNJ

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Pela segunda vez, governo Eduardo Leite propõe aumento no ICMS

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A PL 97/2024 propõe aumento do ICMS para 19% foi  enviada para a Assembleia Legislativa, nesta quinta-feira (11). O governador Eduardo Leite se reuniu com empresários e deputados estaduais para apresentar a proposta antes. Se for aprovado, o texto do projeto prevê um aumento na alíquota modal, passando de 17% para 19%.

O governo Eduardo Leite continua com um projeto para aumentar os impostos do povo gaúcho. A proposta também acompanha medidas que não conversam com a população. Mesmo com estudos e dados que contestam os argumentos do Executivo sobre o aumento dos impostos, apresentados por representantes da Fiergs, Federasul, Fecomércio e CDL, a medida segue em andamento e foi enviada à Assembleia Legislativa.

Essa é a segunda vez que uma proposta de aumento foi anunciada pelo governo. A primeira foi em novembro de 2023, quando o ajuste final seria de 19,5%, mas o projeto foi retirado após encontrar resistência dos deputados. Apesar disso, o governo segue insistindo no aumento dos impostos.

Nota da CUT-RS repudia o aumento de impostos pelo governo Eduardo Leite

nota da cut-rs 9

Desde o primeiro dia de governo, Eduardo Leite tem feito de tudo para transferir o peso da crise econômica do RS para os trabalhadores e trabalhadoras. Tratou as políticas públicas e os servidores a pão e água, sequer poupou os servidores aposentados e pensionistas que depois de uma vida de trabalho padecem desde 2019 com uma drástica redução nos seus benefícios, ocasionada pelo aumento da alíquota de contribuição previdenciária. Liquidou o patrimônio público com privatizações espúrias, sob o pretexto de sanear as finanças públicas.

Como resultado, transformou uma empresa pública de referência em uma das piores empresas de energia elétrica do país, a Equatorial Energia. O fato é que o Rio Grande do Sul nunca esteve tão à deriva como agora. Não há nenhuma obra de infraestrutura relevante, os investimentos produtivos estão se afastando do RS, e a crise nas áreas de educação e saúde é visível. Na verdade, Eduardo Leite usa a “falta de receita” para justificar o fracasso de suas políticas neoliberais ultrapassadas, que por onde passa deixa um rastro de empobrecimento, desemprego, aumento da desigualdade e enfraquecimento da capacidade do estado de garantir desenvolvimento e bem-estar para seu povo.

Em novembro do ano passado, o governador Eduardo Leite enviou para a Assembleia Legislativa o Projeto de Lei 534/2023, aumentando a alíquota do ICMS de 17% para 19,5%. Temendo uma derrota, retirou o projeto da pauta e, em seguida, editou cinco decretos que aumentam o custo dos produtores e das indústrias. Após ser derrotado na Assembleia Legislativa na tarde desta terça-feira (26), o governador Eduardo Leite (PSDB) recorreu às entidades patronais, que concordaram em aceitar o aumento na alíquota do ICMS de 17% para 19,5%, conforme o plano original do Piratini.

Para Eduardo Leite, que se diz um governador de diálogo, a sociedade gaúcha é composta apenas por entidades patronais. Os trabalhadores são excluídos e suas vozes silenciadas. Esse é o modelo de diálogo do PSDB, que custou caro para o Brasil e agora coloca o RS no isolamento e no precipício.

As receitas do ICMS, principal fonte de arrecadação do governo, estão em franco crescimento. Comparado com o ano passado, o ICMS registra um crescimento real de 19,05%, segundo estudo do DIEESE. Sistematicamente a dívida do estado do RS vem sendo utilizada para justificar arrocho salarial, ataque aos direitos dos servidores, diminuição de recursos para políticas públicas e pouco investimento em infraestrutura. As sucessivas negociações junto ao governo federal, desde Antonio Brito, se mostraram desastrosas.

Queremos ser ouvidos para defender junto ao governador Eduardo Leite que é possível alavancar o crescimento econômico do RS com medidas mais eficazes. Queremos ser ouvidos para afirmar que a matriz produtiva do RS tem potencial para se destacar no cenário nacional e internacional. A melhor forma de aumentar as receitas públicas é através do crescimento econômico, aumento da geração de empregos, expansão do consumo e um combate rigoroso à sonegação fiscal. O caminho adotado pela elevação linear do ICMS pode aumentar o custo de vida dos gaúchos e beneficiar apenas o empresariado que repassarão imediatamente os custos para os produtos e ficarão com as isenções fiscais intactas. É inaceitável que os deputados estaduais continuem validando projetos do Piratini que condenam o RS a crescer como rabo de matungo, sempre para baixo.

Fonte: CUT-RS

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Campanha Salarial 2024 – Bora Lutar pro Salário Melhorar

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✊🏼 Chegou a hora de valorizar o comerciário e a comerciária, mas essa luta depende da força da nossa união, com a categoria apoiando e participando junto do sindicato.

👋🏼 Nossa luta é por reajuste nos salários com aumento real, acima da inflação (INPC+AUMENTO REAL), além da manutenção e ampliação de direitos da Convenção Coletiva de Trabalho, a CCT. São essas conquistas que a Lei trabalhista não garante, elas não caíram do céu nem foram bondade do patrão: só existem por causa do trabalho do sindicato a teu favor.

▶ Se liga! Nossas principais reivindicações

🟢 Reajuste salarial acima da inflação e aumento real nos pisos.

🟢 Adicional por tempo de serviço: anuênio (1%), triênio (4%) e quinquênio (8%).

🟢 Auxílios: Auxílio-estudante; Auxílio-funeral; Auxílio-transporte; Auxílio-refeição; Auxílio-farmácia; Auxílio-creche.

🟢 Bônus no Dia do Comerciário e da Comerciária (30 de outubro).

🟢 Licença Maternidade de 180 dias e Licença Paternidade de 20 dias.

🟢 Fim do Banco de Horas.

🟢 Trabalho igual, salário igual, entre homens e mulheres.

🟢 Fim do Contrato Intermitente, que legaliza o absurdo que é pagamento de salário inferior ao salário mínimo.

🚨 Bora! Quem sabe faz a hora, e a nossa é já! Chegou o momento da categoria comerciária ser valorizada, mas isso só será possível com união e mobilização junto do Sindicato. Faça parte, participe e apoie a campanha salarial 2024.

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Políticas afirmativas ampliam presença de negros em postos importantes da União

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A ampliação da presença de servidores negros em cargos e funções de liderança é uma realidade que ganha destaque. Segundo dados do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), em 2023, 36,1% dos cargos de liderança estavam ocupados por servidores pretos ou pardos. Isso representa um avanço em comparação a 2014, quando pessoas negras ocupavam menos de 25% dos cargos de alta gestão. Os números do governo federal mostram uma mudança de paradigma, embora lenta.

Um marco importante foi a publicação do decreto nº 11.443, do ano passado, que estabeleceu um percentual mínimo de 30% de cargos para pessoas negras em comissão e funções de confiança na administração pública federal, utilizando o critério da autodeclaração.

Em detalhes

Uma análise mais detalhada revela que essa representatividade também se estende aos cargos de maior remuneração e poder de decisão.

Pretos e pardos ocupam 38,2% dos postos de média liderança e 31,6% das posições de alta liderança no governo. Em contraste, em 2014, esses números eram de 33,2% e 24,7%, respectivamente. Apesar desses avanços, o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos reconhece que ainda há desafios a enfrentar nesse processo de fortalecimento das ações afirmativas de igualdade racial no serviço público federal.

A ministra Esther Dweck destacou recentemente que, apesar dos progressos, persiste um déficit de representatividade no setor público nacional.

“Em um país onde mais de um terço da população é negra, e as mulheres representam 51,5%, é fundamental que o serviço público reflita essa diversidade”, disse.

Dados do Censo 2022 revelam que apenas 39,9% dos servidores ativos são pretos ou pardos, e 45,9% são mulheres.

Salários

Além da representatividade, questões como diferenças salariais também estão sendo enfrentadas. Em 2023, a remuneração média dos servidores brancos foi de R$ 11.983,84, enquanto servidores pardos e pretos recebiam, em média, R$ 9.459,56 e R$ 8.487,99, respectivamente, representando uma disparidade salarial de 21% e 29%.

Para promover a capacitação e preparação de líderes negros, o MGI, em parceria com a Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) e o Ministério da Igualdade Racial, lançou o LideraGOV 4.0 – edição extraordinária para pessoas negras.

Essa iniciativa visa contribuir para o desenvolvimento de lideranças negras e garantir a implementação efetiva do decreto nº 11.443. Além disso, a ENAP promoveu uma edição extraordinária do curso Liderança Premium para pessoas negras, visando capacitar servidores para ocuparem cargos estratégicos no serviço público federal.

Fonte: Jornal Extra

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