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Para igualdade, renda dos pobres deveria crescer 4 vezes mais do que a dos ricos por 20 anos

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O economista Ricardo Paes de Barros avalia que seriam necessários mais 20 anos de crescimento da renda dos mais pobres em velocidade quatro vezes maior do que a dos mais ricos para o Brasil chegar a um nível de desigualdade “razoável”. “Se fizermos isso por mais duas décadas, acho que nos tornaremos um país que tem um nível de desigualdade de um país civilizado”, afirmou após participar de um ciclo de conferências na Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio.
De acordo com o economista, a renda dos mais pobres teve um crescimento per capita de 8% ao ano entre 2001 e 2014, enquanto a dos mais ricos aumentou 2%. “Depois de quase 15 anos de progresso, estamos muito distantes de qualquer país desenvolvido”, afirmou Barros, referência no estudo sobre desigualdade e educação e um dos criadores do Bolsa Família.
Na visão dele, a queda da desigualdade foi “inacreditavelmente acentuada”, mas ainda é preciso que esse movimento se repita por um longo período. “Talvez fosse impossível num ambiente democrático conseguir uma queda maior do que essa”.
Barros também criticou a explosão de gastos públicos nos últimos anos e destacou que o empenhado com os mais pobres “é uma minúscula parte disso”. Ele defende que haja um foco nos mais pobres para se ter um resultado relevante.
O economista destacou que os 40% mais pobres do País, ou cerca de 80 milhões de brasileiros, “mal têm 10% da renda”. “É preciso gastar recursos públicos com quem realmente precisa. Se um país como o Brasil não fizer isso, vai gastar muito e não vai ter muito impacto sobre a desigualdade”.

O especialista disse que esse movimento não estava sendo feito pelo governo anterior. “Esse governo, tanto federal quanto os Estados, está tentando restabelecer esse equilíbrio fiscal, essa responsabilidade fiscal”.
Barros afirmou que atualmente tem colaborado com os ministérios de Desenvolvimento Social e da Educação. “Estou colaborando intelectualmente, dando ideias e debatendo”.


Fonte: Estadão.
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