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Movimento sindical deve articular resistência internacional aos golpes, aponta Congresso Extraordinário da CUT
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Dedicada a discutir articulações internacionais para frear o avanço do neoliberalismo na América Latina, a segunda mesa do primeiro dia do Congresso Extraordinário da CUT, nesta segunda-feira (28), em São Paulo, trouxe dirigentes que enfrentam em seus países desafios semelhantes aos brasileiros na atual era golpista.
O secretário de Políticas Internacionais da Confederação Geral Italiana de Trabalhadores (CGIL), Fausto Durante, apontou que na Itália a classe trabalhadora também vive um processo de resistência a uma Reforma Trabalhista e Previdência que tem como alvo a retirada de direitos.
Segundo ele, por lá, além de manifestações de massa, a CGIL optou por organizar referendos populares que recolheram mais de quatro milhões de assinaturas.
Por conta dessa mobilização, a Suprema Corte acatou a sugestão da confederação de evocar a responsabilidade social das empresas em relação a todos os contratos de trabalho, diretos e indiretos, e a determinação de o trabalhador reassumir o posto imediatamente, quando o juiz do trabalho decide que a demissão for feita sem justa causa.
Também por conta dessa consulta foi anulada a norma que permitia às empresas de compensar trabalhadores com um voucher, papel sem valor nominal que empresas utilizam para pagar os trabalhadores.
O objetivo agora é construir uma lei de iniciativa popular que tem como uma das prioridades a organização no local de trabalho.
“Ao longo de dois meses, tivemos mais de 40 mil assembleias em toda Itália. E agora o Congresso Nacional italiano vai ter de dar resposta à lei de iniciativa popular e isso pode ser acrescentado a experiências de greve geral e manifestações populares. Essas são novas estratégias sindicais possíveis que podemos adotar”, afirmou.
Argentinos colhem fruto neoliberal
Em meio a uma onda de presos e desaparecidos políticos, o secretário-geral da Central de Trabalhadores da Argentina (CTA), Hugo Yasky, iniciou sua intervenção com uma questão que inquieta todos os democratas argentinos: onde está José Santiago Maldonado?
O jovem desapareceu há um mês em uma reserva Mapuche – povos indígenas da região sudoeste do país – durante mais um ataque da política nacional que trabalha para proteger um latifúndio da multinacional e busca desalojar os povos que ainda se encontram na região.
Também Milagro Sala, militante social, descendente de indígenas e secretária-geral da Associação Nacional de Trabalhadores do Estado, segue desde janeiro de 2016 presa, dois meses após a eleição de Maurício Macri, sob alegação de incitação à violência após organizar uma mobilização no país.
Na avaliação de Yasky, mais do que uma opção, torna-se uma necessidade a unidade entre os diversos movimentos progressistas na América Latina.
“Atualmente, temos na Argentina experiência de governo que tem características muito parecidas com os governos brasileiro, do México, do Peru e da Colômbia, mas que não nasceu a partir de golpe de estado, como Temer. Não soubemos construir correlações de forças, Marcri tem gabinestes só de empresários e alguns setores dos populares foram cooptados e votaram e foram contra os próprios interesses. Não podemos permitir uma nova intervenção militar dos EUA em nosso continente e para isso precisamos de unidade para organizar a luta e a resistência”, defendeu.
Jornada continental
Para avançar neste sentido, o secretário-geral da Confederação Sindical das Américas (CSA), Victor Baez, convocou a todos os movimentos comprometidos com a democracia a participarem da Jornada Continental contra o Neoliberalismo.
“Não é uma data só, é um processo que tem ideia compartilhada de que somos a região mais desigual do planeta e não podemos atuar de forma dispersa contra a agenda econômica capitalista que coloca em risco os avanços que temos conquistado”, falou.
O encontro acontece entre os dias 16 e 18 de novembro na capital do Uruguai e iniciará com uma greve e uma grande marcha pelas ruas da cidade. A iniciativa inclui a CUT e outras organizações brasileiras e estrangeiras de luta pelos movimentos sindical e sociais.
Ao término da mesa, o secretário adjunto de Relações Internacionais, Ariovaldo Camargo, convocou toda a base cutista para participar desta mobilização de resistência por nenhum direito a menos.
“Faremos no Uruguai a maior manifestação da América Latina de enfrentamento ao neoliberalismo. Somos todos agentes de transformação espaços sindicais, no local de trabalho e pela América unida”, definiu.
Fonte: Luiz Carvalho – CUT Nacional