A diretoria do Sindicomerciários Viamão participou da 9ª Plenária da Federação dos Empregados no Comércio de Bens e de Serviços do RS – Fecosul, que aconteceu nos dias 6 e 7 de junho, na sede da Fetag, em Porto Alegre.
Antes dos debates, a Fecosul fez um ato comemorativo alusivo ao seu aniversário de 80 anos, com fala do presidente Guiomar Vidor e vídeo de retrospectiva de toda sua trajetória.
O painel de abertura do evento contou com a participação do dirigente Nivaldo Santana, Secretário de Relações Internacionais da CTB Nacional.
Nivaldo iniciou sua intervenção cumprimentando a Fecosul pelos 80 anos de luta ao lado dos comerciários. O diretor da CTB Nacional discorreu sobre a reforma trabalhista e citou vários retrocessos impostos aos trabalhadores por ela. Ainda, tratou do golpe sofrido por Dilma, apontando-o como instrumento utilizado para viabilizar a retirada de direitos que vivemos nos dias atuais. Também falou sobre os objetivos da reforma trabalhista. “Um dos principais objetivos desta reforma é acabar com as entidades sindicais, inviabilizando a sua sustentação. Precisamos ter em mente que os direitos trabalhistas não foram nenhum presente, foram uma conquista dos trabalhadores e seus sindicatos, com muita luta. Por isso os ataques que o movimento sindical sofre hoje”, apontou.
No segundo dia da 9ª Plenária, os primeiro painelistas foram Clemente Ganz Lúcio, coordenador geral do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – DIEESE, e Dr. Marcelo D’Ambroso, Desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região – TRT4. O presidente do Sindicomerciários Viamão, Paulo Ferreira, foi um dos intermediadores da mesa.
O coordenador geral do DIEESE, Clemente Lúcio, em sua fala, foi enfático defendendo a ideia de que o movimento sindical precisa se reinventar. Para justificar essa afirmação, apontou as mudanças no mercado de trabalho, a diminuição das vagas de emprego, a tecnologia substituindo as pessoas.
Para Clemente, “o sindicato precisa discutir e debater as questões éticas que envolvem a ocupação dos espaços de trabalho pelas máquinas. E precisa se adaptar a este novo cenário”, destacou. E ainda complementou que a mudança na estrutura sindical é mais do que necessária, é vital. “Deixar o sindicato do jeito que está é oportuno para que os empresários liquidem com os direitos dos trabalhadores e matem o que conhecemos como sindicato”, alertou.
Clemente finalizou sua fala apontando uma alternativa: “Num mundo que divide, num mundo que compete, precisamos defender a associação, a união, a solidariedade. Aqui precisa estar o sindicato”, finalizou.
Marcelo D’Ambroso, desembargador do TRT4, fez um panorama geral da conjuntura política e jurídica brasileira atual e trata das convenções coletivas e do papel do sindicato frente a essas mudanças.
D’Ambroso inicia sua intervenção tratando da greve dos caminhoneiros e seus reflexos na vida da população. Destaca, ainda, o posicionamento da mídia neste momento. “A gente não pode ignorar o papel manipulador da mídia com relação a essa greve. Já vivemos isso no Brasil e em outros países, em períodos pré-ditadura. Mídia e conservadores criam o fato ‘o Brasil não tem mais jeito, precisamos de socorro’ e, assim, justificam a intervenção militar. E aí estaremos, mais uma vez, num estado de exceção”, apontou.
Esse mesmo discurso de crise, de acordo com o desembargador, foi o pano de fundo da reforma trabalhista. “O discurso reformista se alimenta da crise. No Brasil, Temer copia a reforma trabalhista aplicada na Espanha e, em troca, amplamente divulgado pela mídia, recebe mais investimentos dos espanhóis. Os trabalhadores são prejudicados nessa troca de favores entre os dois países”, denuncia.
D’Ambroso, com relação à reforma trabalhista brasileira, ainda declara o ataque contra o movimento sindical que a mesma propõe. “A reforma trabalhista brasileira quer discutir representação sindical, mas, ao mesmo tempo, tira o custeio das entidades. Isso é uma falácia”, apontou.
Na parte da tarde, a última mesa de debate abordou a financiamento sindical. Para tratar da questão, Rogério Fleischmann, procurador do MPT-RS, Guiomar Vidor, presidente da Fecosul e CTB-RS e Dr. Vitor Nascimento, assessor jurídico da Fecosul.
Com informações da Fecosul – Fotos: Fecosul