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Brasil de Bolsonaro, na ONU, não tem queimadas, desemprego nem violência

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Em seu discurso de abertura na 74º Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York (EUA), na manhã desta terça-feira (24), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) tentou vender para os demais chefes de Estado a imagem de um país que não condiz com o dia a dia vivido pelos brasileiros sob seu mandato.

No país de Bolsonaro, desemprego e violência não são problemas, enquanto o desmatamento crescente da Amazônia, entre outras questões ambientais, não passam de invenção da mídia nacional e internacional.

“Somos um dos países que mais protege o meio ambiente”, afirmou. “Nessa época do ano, o clima seco e os ventos favorecem queimadas espontâneas e também as criminosas. Vale ressaltar que existem queimadas praticadas por índios e populações locais como parte de sua respectiva cultura e forma de sobrevivência”, disse. Segundo ele, a Amazônia “não está sendo devastada, nem consumida pelo fogo, como diz mentirosamente a mídia”.

O discurso começou às 10h39 e durou cerca de meia hora. Tradicionalmente, desde 1949, cabe ao Brasil abrir o debate geral da Assembleia da ONU.

A fala ocorreu no contexto da crise provocada pela alta das queimadas na floresta amazônica em agosto, com índices que superam os de anos anteriores e que são atribuídos, em grande parte, ao discurso de Bolsonaro e seus aliados em favor do desmatamento e da grilagem.

Em razão do descontrole, o governo brasileiro tem sofrido duras críticas internacionais e foi excluído da Cúpula Climática promovida pela mesma ONU nos dias que antecederam a abertura da Assembleia Geral.

Além de negar o aumento das queimadas, o chefe de Estado disse que sua administração foi responsável por diminuir o desemprego e a violência – ignorando o desemprego em massa que atinge 13 milhões de pessoas no Brasil e a crescente letalidade policial contra comunidades pobres do país, principalmente em grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo.

Soberania

Embora seu governo esteja se desfazendo do patrimônio público brasileiro – com ataques a empresas estatais e promessas de privatização –, Bolsonaro se apresentou na ONU como defensor da soberania nacional.

“É uma falácia dizer que a Amazônia é um patrimônio da humanidade e um equívoco, como atestam os cientistas, afirmar que a Amazônia, a nossa floresta, é o pulmão do mundo. Valendo-se dessas falácias, um ou outro país, em vez de ajudar, embarcou nas mentiras da mídia e se portou de forma desrespeitosa e com espírito colonialista”, afirmou.

Sem mencionar diretamente ao presidente francês, Emmanuel Macron, Bolsonaro fez críticas veladas ao que considerou supostos interesses “disfarçados de boas intenções” por parte de países europeus.

“A França e a Alemanha, por exemplo, usam mais de 50% do seu território para a agricultura. Já o Brasil usa apenas 8% das terras para a produção de alimentos […] Quero reafirmar minha posição de que qualquer iniciativa de ajuda ou apoio à Floresta Amazônica deve ser tratado com pleno respeito à soberania brasileira”, disse.

O mandatário pontuou também que o Brasil não vai aumentar as áreas de demarcação indígena, e sinalizou que o governo deve obter maior controle sobre esses territórios.

Segundo ele, “a visão de um líder indígena não representa a de todos os índios brasileiros. Muitas vezes, alguns desses líderes, como o cacique Raoni, são usados como peça de manobra por governos estrangeiros na sua guerra informacional para avançar seus interesses na Amazônia”.

Cuba e Venezuela

Bolsonaro dedicou boa parte de seu discurso para criticar governos latino-americanos de esquerda, em especial Cuba e Venezuela, e disse representar “um novo Brasil, que ressurge após estar à beira do socialismo”.

“Em 2013, o acordo entre o governo petista e a ditadura cubana trouxe mais de 10 mil médicos sem nenhuma comprovação profissional. [Os profissionais da saúde] tiveram seus salários confiscados pelo regime e foram impedidos de usufruir direitos fundamentais como o de ir e vir. Um verdadeiro trabalho escravo. Deste modo, nosso país deixou de contribuir com a ditadura cubana”, afirmou.

Ainda segundo ele, “a Venezuela, outrora um país pujante e democrático, hoje experimenta a crueldade do socialismo. O socialismo está dando certo na Venezuela. Todos estão pobres e sem liberdade. O Brasil também sente os impactos da ditadura venezuelana”.

Deus e família

O presidente iniciou e encerrou seu discurso agradecendo a Deus “pela missão de presidir o Brasil e pela oportunidade de estabelecer a verdade”. A pauta dos costumes, tão comum durante as falas de Bolsonaro no Brasil, também foi tratada na ONU.

“Meu país esteve muito próprio do socialismo, o que nos colocou em uma situação de corrupção generalizada, grave recessão econômica, altas taxas de criminalidade e de ataques ininterruptos aos valores familiares e religiosos, que foram nossas tradições”.

Conhecido por se recusar a tratar temas relacionados a gênero, ele também criticou o suposto viés ideológico introduzido pelos governos anteriores.

“Durante as últimas décadas, nos deixamos seduzir, sem perceber, por sistemas ideológicos de pensamento, que não buscavam a verdade, mas o poder absoluto. A ideologia se instalou no terreno da cultura, da educação, da mídia, dominando os meios de comunicação, universidades e escolas”, defendeu.

Fonte: Brasil de Fato

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