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Eleitores apostam na voz das minorias para Câmara dos Deputados
Apesar do avanço da extrema direita no Brasil, a apuração das urnas registra em seus dados algo positivo. Cresce entre os eleitores a aposta na representatividade das ditas minorias. Na Câmara Federal, exemplos fortes.
Duas mulheres indígenas foram eleitas para dar voz aos povos originários e duas trans irão representar pela primeira vez na história travestis e transsexuais, ampliando ao mesmo tempo a bancada feminina e a luta da comunidade LGBTQIA+.
Se a única representante indígena da atual legislatura, a deputada Joênia Wapichana (Rede-RR) não conseguiu se reeleger, a representação do segmento se ampliou para cinco.
Segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Sônia Guajajara e Célia Xakriabá serão as principais porta-vozes das pautas indígenas na Câmara Federal.
Sônia nesse ano foi apontada como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo pela revista Time. Em 2018 foi candidata a vice-presidente da república na chapa encabeçada por Guilherme Boulos (PSOL).
Eleita por São Paulo com 156.695 votos, ela agradeceu aos seus eleitores em seu Twitter e comemorou: “São Paulo, nós conseguimos! A primeira mulher indígena eleita como deputada federal por SP vai aldear o Congresso Nacional. Muito, muito obrigada pela confiança! Vamos aldear mentes e corações, e construir um novo Brasil. Seguimos juntes!”.
Professora ativista do povo Xakriabá de Minas Gerais, Célia tem como um de seus propósitos a reestruturação do sistema educacional para os povos indígenas. Também do PSOL, ela foi eleita com 97.297 votos.
A Apib comemorou em suas redes sociais: “Vai ter bancada do cocar sim! Célia Xacriaba foi eleita em Minas Gerais para Deputada Federal com 97.297 votos! A vitória veio com a benção e força dos nossos encantados!”.
Eleitores ampliam bancadas feminina e LGBTQI+
Em 2023 a bancada feminina na Câmara dos Deputados passará de 77 assentos para 91. Uma ampliação de 15% para 18%. Nela, duas deputadas trans: Erika Hilton (PSOL-SP) e Duda Salabert (PDT-MG).
As duas já atuaram em legislativos de seus estados antes de chegar à Câmara e se destacaram em defesa das pautas das mulheres e do movimento LGBTQI+.
Com 256 mil votos, Erika, que em 2018 foi a primeira travesti da Câmara dos Vereadores de São Paulo, registrou o novo feito em suas redes sociais. “Travesti preta eleita! É federal! Pela primeira vez na história!”, comemorou.
Já Duda que foi a vereadora mais bem votada da história de Belo Horizonte em 2020, com 37 mil votos, destacou: “Sou a primeira trans eleita do Congresso Nacional! Sou a deputada federal mais votada da história de MG! Mesmo com ataques de setores da esquerda, ataques dos ciristas, ameaças de morte da ultradireita, vencemos! Muito obrigada!”, desabafou ela que teve que votar com um colete a prova de balas devido a ameaças de morte.
Coincidentemente PL e a Federação, liderada pelo PT, são os partidos com mais mulheres e também as duas maiores bancadas da Câmara dos Deputados. A Federação lidera na representação com 21 deputadas (17 do PT e 3 do PCdoB). Já o PL elegeu 17 deputadas federais.
O PSD de uma representante passará a ter quatro deputadas na sua bancada.
Foto: Edgar Kanaykõ/Divulgação
Fonte: Extra Classe