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Jogos da Copa, férias e fim de ano acendem alerta para aumento de casos de Covid-19
O fim de ano, época em que tradicionalmente as pessoas acabam se aproximando mais por causa das festas e também das férias, e os jogos da Copa – que têm provocado grandes aglomerações, como nas ‘Fan Fest´s’ da Fifa no Anhangabaú, em São Paulo, e em Copacabana, no Rio de Janeiro, assim como aglomerações em várias capitais para o público assistir às partidas do Brasil – acederam um alerta em especialistas para o aumento de casos de Covid-19.
Os eventos têm reunido milhares de pessoas. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (5), dia da vitória do Brasil na Copa sobre a Coreia do Sul, por 4 a 1, cerca de 25 mil pessoas lotaram tanto a arena da Fifa no centro de São Paulo quanto a estrutura montada na Zona Sul do Rio.
E a experiência vivida pelo Brasil nos anos anteriores comprova o receio das autoridades da saúde. No final de 2020, a variante Gama da Covid-19 surgiu no Amazonas provocando alguns dos momentos mais trágicos da pandemia no ano seguinte, com o aumento no número de casos e colapso no sistema de saúde. Pessoas morreram com falta de ar por causa da falta de oxigênio.
As aglomerações de fim de ano tiveram papel decisivo para o avanço da doença. A vacinação no país, por causa da inércia do governo de Jair Bolsonaro (PL) e seu então ministro da Saúde, o General Eduardo Pazuello, deputado federal eleito pelo Rio, ainda ‘engatinhava’.
Já no fim do ano passado, ainda que com mais pessoas vacinadas, a variante Ômicron foi responsável pelo aumento da curva de infecções e internações no país. Mais uma vez, o período foi determinante para aumento de casos. Desta vez, em 2022, as cepas BQ.1 e BE.9, sublinhagens da Ômicron, devem ser as responsáveis por mais casos de Covid-19.
Para o pesquisador da Fundação Osvaldo Cruz (FioCruz), Marcelo Gomes, coordenador do Boletim Infogripe, o fim do ano é um momento em que vírus de transmissão respiratória, como o coronavírus, encontram maior facilidade para proliferação porque as pessoas se expõem muito mais ao frequentar ambientes mais propensos à transmissão, como as aglomerações em festas.
“O cenário de aumento de casos tem que ser tratado como possível”, disse Gomes em entrevista ao programa Central do Brasil, na TVT.
Já o médico infectologista do Hospital das Clínicas de São Paulo, Evaldo Stanislau de Araújo, alerta que a transmissão acelerada já deve estar ocorrendo.
“O que a gente enxerga é muito menor do que acontece de verdade. Esses fenômenos causam aglomeração, muita circulação de pessoas num momento de aumento de casos e variantes altamente infectantes, e de quebra da cobertura vacinal, sobretudo as de reforço. Isso contribui muito para a disseminação do vírus”, disse o especialista ao jornal Folha de São Paulo.
Na visão dos especialistas, a população, com o passar dos tempos e a ‘trégua’ da pandemia até então, acabou por naturalizar a Covid-19, relaxando assim, as medidas de proteção contra o coronavírus, como o uso da máscara, do álcool gel e o distanciamento físico entre as pessoas.
“As pessoas perderam o medo, normalizaram a Covid-19 e a tratam como se fosse uma gripe, o que é um erro. Mesmo as formas leves da doença podem trazer consequências futuras, como danos neurológicos, cardiológicos e respiratórios, além da Covid prolongada. E há possibilidade de a reinfecção levar a formas graves e complicações tardias”, disse o infectologista à reportagem.
Manual de segurança
Até agora a ação do Ministério da Saúde para conter o possível avanço de casos foi divulgar, no dia 12 de novembro, uma nota técnica alertando estados e municípios sobre o aumento de casos e reforçando o uso de máscaras além do reforço da higienização frequente das mãos com álcool 70% ou uso de água e sabão.
O documento ainda reforça a necessidade de quem ainda não completou o esquema vacinal, procurar as unidades de saúde. Cerca de 69 milhões de brasileiros e brasileira ainda não tomaram a 1ª dose de reforço. Outros 32,8 milhões ainda não tomaram a 3ª dose.
Já a FioCruz, em seu boletim Infogripe, publicado em 29 de novembro, confirma a tendência de piora no surto de Covid (veja números atuais abaixo). Para 2022, a fundação ainda não lançou nenhum boletim específico para cuidados com o fim do ano. No entanto, ainda em 2021, foi editada uma cartilha contendo recomendações necessárias para evitar a contaminação.
Entre os principais pontos estão:
1 – Vacinação
- Adultos devem estar com esquema vacinal completo
- Crianças e adolescentes com 12 anos ou mais que já possam se vacinar, devem procurar as unidades de saúde
- Completar o esquema vacinação com antecedência de ao menos 14 dias antes das atividades de fim de ano.
2- Festividades
- Limite de número de pessoas de acordo com o tamanho do espaço para evitar aglomerações
- Preferência para espaços abertos e ventilados
- Evitar toalhas de pano nos eventos
- Disponibilizar álcool em gel nos ambientes e manter toalhas de papel para secagem das mãos nos banheiros
- Proteger crianças pequenas e idosos manendo-os em locais arejados
- Uso da máscara
- Evitar a presença de pessoas com sintomas, ainda que leves
Números da Covid-19
Nesta terça-feira, o Brasil já registrou 36.221 novos casos. Desde o início da pandemia, em março de 2020, já foram totalizados 35.482.252 casos. O total de mortes é de 690.465.
Com tendência de alta (pelo 26° dia seguido), a média móvel de mortes nos últimos 14 dias é de 107 óbitos por dia. Na segunda-feira, essa média voltou a ser maior que 100 casos, número que não era registrado desde o dia 7 de outubro. A variação é de +46% em duas semanas.
Por região, o aumento foi de 45% no Centro-Oeste, 98% no Nordeste, 45% no Sudeste (45%), 98% no Sul. No Norte houve queda de 10% nos casos.
Vacina e remédio
A biofarmacêutica brasileira Biomm pediu à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), nesta segunda-feira, 5, autorização para o uso de uma vacina inalável contra a covid-19, a Convidecia Air
A empresa mantém parceria com a chinesa CanSino, desenvolvedora do imunizante. De acordo informações obtidas pelo UOL, a aplicação depende somente de um nebulizador para transformar o líquido em aerossol para inalação pela boca e pode ser usada como reforço de outras vacinas. O estudo foi feito pela revista científica The Lancet Respiratory Medicine.
Para outras frentes de tratamento, a Anvisa já autorizou a comercialização do Paxlovid, remédio fabricado pela Pfizer, comprovadamente eficaz contra a Covid.
No entanto, ele deverá custar cerca de R$ 2.700 ao público e será ‘artigo raro’ no Sistema Único de Saúde (SUS), já que até agora o Ministério da Saúde encomendou apenas 100 mil doses do medicamento.
Fonte: André Accarini | Editado por: Marize Muniz – CUT Brasil