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Assembleia dos movimentos sociais no FST define luta contra golpismo e em defesa da democracia

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Em assembleia ocorrida no final da manhã deste sábado (23), último dia do Fórum Social Temático (FST), centenas de militantes de movimentos sociais aprovaram por consenso uma carta de compromissos gerais e específicos, com destaque para a luta contra o golpismo e em defesa da democracia, bem como uma jornada de mobilizações para o próximo período. O encontro foi realizado no auditório Araújo Viana e coordenado por três mulheres: Vitalina Gonçalves, secretária de finanças da CUT-RS; Eremi Melo, secretária-geral da CTB-RS; e Suelen Aires Gonçalves, representante do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM).

“Nós, todas e todos, dos movimentos sociais, das mais diferentes matizes, queremos aprovar a nossa carta e a nossa jornada de luta. Por isso, em nenhum lugar do mundo, vai ter golpe. Vai ter luta”, foi o texto lido por Suelen e repetido com força por homens e mulheres que participaram da assembléia, encerrando em grande estilo o FST que marcou os 15 anos do Fórum Social Mundial, promovido pela primeira vez em 2001, na capital gaúcha.

O documento final da carta e as moções aprovadas serão disponibilizados na próxima terça-feira (26) no site do FST.

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Compromissos assumidos

A assembléia começou com a leitura de um texto-base da carta, construído de forma coletiva por várias entidades. Em seguida, houve 20 manifestações de participantes, por ordem de inscrição, que apresentam adendos e moções para aprovação. Os principais temas abordados foram democracia, educação pública e popular, economia solidária, saúde, luta anti-manicomial, direitos dos trabalhadores, das trabalhadoras, das mulheres, dos negros, das negras, da juventude, da população LGBT, indígenas, quilombolas, luta do povo palestino, luta pela democratização da comunicação, mobilidade urbana, direito à moradia, meio ambiente, entre outros.

Letícia

O presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, defendeu a realização de auditoria nas dívidas dos países, a exemplo do Equador, para verificar as condições em que foram contratadas. “É uma questão complexa e deve ser um compromisso de luta de todos os movimentos sociais”, conclamou.

Ele propôs que no próximo dia 1º de maio sejam organizados atos unitários contra o golpismo e em defesa da democracia. “Para nós, a democracia é um valor. Já para o capitalista é um empecilho porque o que ele quer é ganhar dinheiro”, destacou Claudir.

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A diretora da CUT Nacional, Contracs e Semapi-RS, Mara Feltes, usou a palavra para pedir a aprovação de uma moção de repúdio  “às criminosas ações antissindicais e constantes atropelos à legislação por parte das transnacionais Wal Mart e Mc Donald’s, que vêm precarizando as relações de trabalho, com enorme prejuízo não só para os salários e direitos, como também para a saúde e segurança dos trabalhadores e das trabalhadoras de suas unidades”.

“Os participantes da oficina reivindicam maior fiscalização do Estado e maior rigor na apuração das denúncias, realizadas por diversas entidades sindicais, a fim de que a justiça prevaleça sobre a impunidade e que os direitos dos trabalhadores em todo o Brasil e no mundo sejam respeitados e garantidos, sem que as políticas das empresas possam se sobressair sobre as legislações locais, estaduais, nacionais e internacionais”, destaca o texto lido por Mara.

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O secretário de Meio Ambiente da CUT-RS, Paulo Farias, alertou para a tragédia ambiental de Mariana (MG) e apresentou uma moção a ser enviada ao governador Fernando Pimentel e à presidenta Dilma, cobrando mais ações do poder público para fiscalizar e responsabilizar criminalmente as mineradoras Samarco, Vale e BHP.

Farias propôs também o envio de uma carta ao Papa Francisco, que tem se manifestado em favor do meio ambiente. “Nós não podemos dar trégua ao capital e deixar que esse crime em Mariana caia no esquecimento”, disse Farias.

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Vários oradores ressaltaram a necessidade de defesa da manutenção dos mandatos de governantes eleitos democraticamente no Brasil e na América Latina. “Não vai ter golpe, vai ter luta”, enfatizaram.

Boaventura presente

O professor e sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, da Universidade de Coimbra e da Universidade Popular dos Movimentos Sociais (Upms), fez também uma saudação aos movimentos sociais durante a assembleia. “Foi uma semana emocionante”, disse. “Saímos daqui com muito mais força, mais seguros dessa força e mais conscientes dos perigos e das dificuldades, dos obstáculos e dos inimigos contra quem temos que lutar”, pontuou.

Boaventura, que participa ativamente desde o 1º FSM, fez um balanço desses 15 anos. Para ele, o FSM surgiu em um tempo de esperança. “Estávamos no único continente onde era possível se falar em socialismo no século 21”, disse ao se referir à onda de eleições de governos democráticos e progressistas que ocorreu na América Latina no início do século. Ele destacou que uma das vitórias do FSM foi sustentar e articular os movimentos sociais que foram a base das políticas sociais desses países.

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O sociólogo avaliou também que em 2001 “fazíamos lutas ofensivas”, um contraponto ao Fórum Econômico de Davos, buscando construir uma simetria de forças entre o mundo real, neoliberal, e o “outro mundo possível”. Essa simetria não se sustentou: “Em 2016 fazemos lutas defensivas”, frisou. “Não se fala hoje em socialismo, mas em democracia e contra o golpismo”.

Ele observou que, depois que os movimentos populares chegaram ao poder, “concluíram que tinham um amigo no governo e descansaram”. Para Boaventura, “é preciso defender, mas a melhor maneira de defender é atacar”. E arrematou: “Não podemos deixar que nos esqueçam. Nós não podemos nos esquecer de nós próprios”.

O português elogiou a proposta defendida pelo presidente da CUT-RS pela realização de auditorias nas dívidas dos países. “Na Grécia não avançou, mas evoluiu no Equador”, salientou. Conforme ele, “foram os ataques à Síria e à Líbia que promoveram essa avalanche de migrações”.

“Lutai com solidariedade”, apontou Boaventura, que voltou a pregar mais união na esquerda. “Não temos ainda unidade suficiente entre nós”. Ele alertou que “a rua não é nossa” diante das iniciativas da direita em disputar o mesmo espaço. Ao final, fez um apelo aos movimentos “contra as lutas mesquinhas” pelo poder. “Se formos fortes, a luta será forte, concluiu.

Racismo e violência

Vitalina, Eremi e Suelen condenaram na assembléia o episódio de racismo, ocorrido na quinta-feira (21), quando um palestrante negro de Pernambuco foi abordado pela Brigada Militar por “atitude suspeita”. Graças à reação de populares, os policiais desistiram de levá-lo para uma delegacia.

Elas também denunciaram a agressão sofrida por uma mulher durante a marcha de abertura. “A violência contra a mulher não é o mundo que a gente quer”, reagiram os participantes.

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Rumo ao Canadá

Antes do encerramento da assembléia, Carminda Mac Lorin, integrante do Fórum Social Mundial 2016, que ocorre em agosto em Montreal, no Canadá, fez um chamado à participação no evento. “O FSM é um momento de fazer convergências e temos que nos unir. Juntos e juntas, outro mundo é possível”, ressaltou. “Sigamos com os sonhos coletivos do FSM”.

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Uma faixa com os dizeres “FSM 2018 em Cuba” foi estendida no final por vários militantes em frente ao palco.

Cuba

Fonte: CUT-RS

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