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CUT lança pílulas antirracistas para dialogar e despertar a luta contra o racismo

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As pílulas têm o objetivo de ampliar a reflexão sobre como o racismo se estrutura e se perpetua no cotidiano das pessoas até os dias de hoje e o lançamento da campanha faz parte do “Julho das Pretas”, referência ao dia 25 de julho, Dia Internacional da Mulher Afro-Latino Americana e Afro-Caribenha.

No Brasil, a data é dedicada à memória de Tereza de Benguela, líder do quilombo do Quariterê, em área que hoje pertence ao Estado do Mato Grosso, ela é símbolo da resistência contra a escravidão, mas sua luta só  foi reconhecida em 2014, pela então presidenta Dilma Rousseff (PT).

O projeto, que é um instrumento de informação à classe trabalhadora, fala dos levantes populares, como Revolta dos Malês e a Balaiada, no Maranhão, que tiveram participação efetiva de negros e negras escravizados. A campanha também mostra alguns termos racistas que muita gente usa no cotidiano, no entanto, que devemos tirar do vocabulário, como: mulato, denegrir, serviço de preto, traços finos. (veja aqui todos os vídeos)

“Vamos abordar (nas pílulas) o encarceramento em massa, o cabelo como estética, como símbolo de resistência e como a juventude hoje se apropria dessa estética do cabelo crespo como uma forma de se colocar nessa sociedade. Enfim, nós vamos falar um pouco de tudo isso”, explica a secretária nacional de Combate ao Racismo da CUT, Anatalina Lourenço.

Segundo a dirigente, serão 30 pílulas e três documentários sobre diversos temas que abordam a questão racial. Durante todo o mês de julho, mulheres negras, coletivos de mulheres negras, organizações, a CUT, realizam várias atividades que abordam sobretudo as desigualdades de gênero e raça. A data é uma oportunidade também para fazer a discussão sobre os meios para superar a opressão histórica sobre as mulheres negras que estão sempre na base da pirâmide social.

A secretária-adjunta de Combate ao Racismo da CUT, Rosana Sousa, afirma que o terceiro lote de pílulas trará temas importantes para  compreender como o racismo se organiza no Brasil. “É uma reflexão de como racismo se estrutura e como ele está em situações simples do cotidiano. O mês de julho é importante pensar que nós vivemos em uma sociedade racista, e que as mulheres negras estão numa pirâmide totalmente desigual e excludente.

Apontado pela fala de Rosana, quando se observa dados de homicídios no Brasil, são as mulheres negras as maiores vítimas de homicídio, segundo o Atlas da Violência 2020, estudo anual produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

De acordo com o levantamento, uma mulher é assassinada a cada duas horas no Brasil —foram 4.519 mulheres assassinadas em 2018, um índice de 4,3 a cada 100 mil mulheres que moram no país. Um comparativo entre 2008 e 2018, neste intervalo de uma década, os homicídios de mulheres negras aumentaram 12,4%, enquanto os homicídios entre mulheres brancas caíram 11,7%.

Na política, dados da campanha Mulheres Negras Decidem apontam que, em 2018, dos 513 parlamentares, apenas 10 eram mulheres negras. No mercado de trabalho, as mulheres negras voltam a enfrentar taxas de desemprego, trabalho informal e tornam as mais vulneráveis ao desemprego.

Ressignificação das lutas

Falar de racismo, é lembrar das questões centrais que mantém esse processo longo de desigualdade entre brancos e negros que se desdobram no genocídio de pessoas negras, no encarceramento em massa, na pobreza e na violência contra mulheres.

Não é possível debater um projeto de nação e desenvolvimento econômico sem que o racismo seja abordado. As pílulas nos levam a refletir, por exemplo, sobre temas do passado, como a greve de 1857 de negros escravizados à época.

“A primeira greve no Brasil não foi 1917, foi em 1857. Então, a gente precisa ressignificar de como se deu a formação a classe trabalhadora que não é a partir da imigração europeia, mas a partir da escravização dos negros africanos aqui no Brasil”, salienta Anatalina Lourenço.

Rosana concorda também que a greve de 1857, conhecida como a “Greve Negra”, foi importante para o movimento sindical e a luta de classe no Brasil.

“Muitas pessoas até hoje ainda fazem o debate de que a formação do movimento sindical e de classe se deu com a chegada dos trabalhadores europeus, na verdade não é essa a história. A gente não pode desmerecer, esquecer de fato o papel que os trabalhadores negros tiveram na formação do movimento sindical”, destaca Rosana Sousa.

Quem foi Tereza Benguela

Tereza de Benguela, ou “Rainha Tereza”, é um ícone da resistência negra no Brasil Colonial. Nascida no século XVIII, ela chefiou o Quilombo do Piolho ou Quariterê, nos arredores de Vila Bela da Santíssima Trindade, no Mato Grosso.

Comandada por Tereza de Benguela, a comunidade cresceu militar e economicamente, resistindo por quase duas décadas, o que incomodava o governo escravista. Após ataques das autoridades ao local, Benguela foi presa e se suicidou após se recusar a viver sob o regime de escravidão.

A Lei nº 12.987/2014, sancionada por Dilma, é conhecida como Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.

Assista a primeira pílula

Fonte: Walber Pinto – CUT Brasil

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