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CUT-RS puxa mobilização no 8M em Porto Alegre com foco na defesa da vida e direitos

No próximo sábado, dia 8 de março, Porto Alegre terá um ato unificado em celebração ao Dia Internacional da Mulher. A concentração acontece a partir das 9h no Largo Glênio Peres e contará com forte protagonismo da CUT-RS, sindicatos cutistas e movimentos sociais. Sob o lema “Pela Vida de Todas as Mulheres”, a mobilização promete ser um marco na luta pelos direitos e pela dignidade das mulheres gaúchas.
A escolha do tema para 2025 reflete a urgência de enfrentar a crescente violência de gênero, o feminicídio e as múltiplas formas de opressão que atravessam a vida das mulheres, especialmente as negras, indígenas, LGBTQIA+ e com deficiência. Só em 2024, o Rio Grande do Sul registrou 72 feminicídios, segundo a Polícia Civil. Em 84% dos casos, o autor era companheiro ou ex-companheiro da vítima. A vítima mais jovem tinha apenas 6 anos de idade.
Para a CUT-RS, a resposta a essa realidade precisa ser firme e coletiva. A Central destaca que é inaceitável que, em pleno século XXI, mulheres — sejam cis, trans, lésbicas, negras ou deficientes — sigam enfrentando discriminação, salários menores e precarização do trabalho.
Em defesa do corpo feminino
Outro ponto central da manifestação será a defesa dos direitos reprodutivos e da autonomia sobre o próprio corpo. Em debate no Congresso, a chamada “PEC do Estupro” e a “PEC do Nascituro” representam graves ameaças ao direito ao aborto, inclusive nos casos atualmente previstos em lei. “Querem transformar vítimas de violência sexual em criminosas, numa tentativa brutal de controlar nossos corpos”, denuncia Amanda Corcino, secretária nacional da Mulher Trabalhadora da CUT.
Dados da Organização Mundial Saúde (OMS) mostram que, no Brasil, mais de um milhão de abortos são realizados todos os anos, levando a 250 mil internações e tornando essa a quarta causa de morte materna. “Não aceitamos que parlamentares, em sua maioria homens brancos e conservadores, decidam sobre nossos corpos”, protesta Amanda.
Punição para os golpistas
A luta por democracia e justiça também estará no centro das falas e cartazes no Largo Glênio Peres. As mulheres da CUT-RS exigem punição exemplar a todos os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Para a Central, não existe democracia plena enquanto não houver justiça para quem atentou contra o país e seus direitos fundamentais — e as mulheres sabem bem o preço de viver sob governos autoritários.
Luta nos blocos, nas ruas e nas redes
A mobilização do 8 de março, no entanto, não se limita ao ato em Porto Alegre. A CUT e suas entidades filiadas já estão nas ruas desde o Carnaval, levando suas bandeiras para blocos e escolas de samba, em uma estratégia de ampliar o alcance da mensagem e dialogar com mulheres que não são militantes de organizações tradicionais. Com leques, viseiras, adesivos e abadás temáticos, a ideia é mostrar que a luta feminista pulsa em cada espaço popular.
Durante todo o mês de março, a programação seguirá intensa, com rodas de conversa, debates e seminários promovidos por sindicatos e movimentos parceiros. Nas redes sociais, campanhas digitais vão reforçar as denúncias e demandas do movimento, convidando mulheres de todo o estado a se somarem às atividades.
Direitos no centro da pauta
Entre as reivindicações da CUT-RS para este 8M, estão a igualdade salarial entre homens e mulheres, a ratificação da Convenção 190 da OIT, que trata do combate à violência e ao assédio no trabalho, e a efetivação da Política Nacional de Cuidados. “Reduzir a jornada de trabalho, sem redução de salário, é essencial para que as mulheres possam conciliar vida profissional, cuidado e tempo para si mesmas”, explica Amanda Corcino. “É uma pauta de toda a sociedade, não apenas das mulheres.”
História e resistência
Ao ocupar as ruas no 8 de março, a CUT-RS e suas companheiras de luta também resgatam a memória histórica dessa data, marcada por mobilizações operárias e socialistas desde o início do século XX. Foi a coragem das trabalhadoras têxteis em São Petersburgo, em 1917, que cravou o 8 de março como Dia Internacional da Mulher. Décadas depois, a ONU só reconheceu a data graças à pressão constante dos movimentos feministas.
Essa história de resistência ecoa em cada palavra de ordem que será entoada no Largo Glênio Peres e em outras cidades do estado. Porque, para as mulheres da CUT-RS, lutar pelo presente e pelo futuro é honrar as que vieram antes — e garantir que nenhuma mulher seja deixada para trás.
Serviço
- O quê: Ato Unificado do 8M – Dia Internacional da Mulher
- Quando: 8 de março de 2025 (sábado), às 9h
- Onde: Largo Glênio Peres, Porto Alegre
- Organização: CUT-RS, sindicatos cutistas e movimentos sociais
Pela vida de todas as mulheres. A luta segue.
Fonte: CUT RS