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Depois dos atos antidemocráticos, impeachment de Bolsonaro volta ao cenário político
Os atos antidemocráticos em apoio a Jair Bolsonaro (Ex-PSL), convocados pelo próprio presidente, contra o Supremo Tribunal Federal (STF) afrontado publicamente em duas ocasiões nesta terça-feira (7), “a palavra impeachment voltou para o cenário político”.
A afirmação é do cientista político Paulo Niccoli Ramirez, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) e foi feita durante entrevista ao jornalista Glauco Faria, do Jornal Brasil Atual, nesta quarta (8).
De acordo com o professor, as forças democráticas – da esquerda aos liberais – devem se unir para conter as ameaças de ruptura institucional pregadas por Bolsonaro e seus apoiadores e as movimentações de lideranças partidárias ainda ontem a noite confirmam a avaliação de Niccoli Ramirez.
“O que veremos a partir de hoje serão partidos políticos, mesmo do Centrão, e as forças democráticas se unificando. É o momento de lutar contra o fascismo, contra políticos e cidadãos que agem contra a própria cidadania e a democracia”, disse Niccoli.
Para o cientista político, “o governo Bolsonaro acabou ontem”, dado o aprofundamento do seu isolamento institucional.
No STF, o ministro Luiz Fux deve responder, ao longo do dia, às ameaças do líder do Executivo. Bolsonaro chegou a dizer que não vai acatar qualquer decisão proferida pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, onde tramitam quatro inquéritos contra o presidente, que teme ser preso, como demonstram suas falas nos últimos dias. Ontem mesmo, na Avenida Paulista, Bolsonaro disse que não será preso, além de afirmar que “só Deus” o tira de Brasília.
Já o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), declarou que pautas antidemocráticas “são inaceitáveis”. Em possível reação a afronta de Bolsonaro à Constituição, Pacheco cancelou todas as sessões da Casa previstas para este quarta e também quinta-feira.
O único que não se pronunciou publicamente foi o presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira (PP-AL), que tem a prerrogativa de dar aval para o prosseguimento dos pedidos de impeachment contra o presidente.
Nesse sentido, partidos de direita e centro-direita, como PSDB, PSD, MDB e Solidariedade, sinalizam que podem passar a apoiar formalmente o impeachment de Bolsonaro. “Todos esses elementos fazem com que hoje haja um consenso contra Bolsonaro. O mais importante agora é garantir a preservação da democracia”, disse Ramirez.
‘Desbolsonarização’
Além das consequências institucionais contra Bolsonaro, o cientista político também defende a criação de mecanismos para promover a “desbolsonarização” da sociedade brasileira. Ele classificou como “lunáticos” os manifestantes que foram às ruas de verde e amarelo para bradar pelo fechamento do STF e pedir ditadura. Por outro lado, temas urgentes, como a fome, o desemprego e as quase 600 mil vítimas da pandemia foram completamente ignorados pelos bolsonaristas.
“Nenhuma empresa saudável manterá funcionários que se manifestaram contra um elemento tão básico como a democracia”, disse o cientista político. “Precisamos pensar em formas de criminalização do bolsonarismo. Bolsonaro e tudo o que ele representa são comportamentos antidemocráticos, anticivilizatórios e o enaltecimento da barbárie”, acrescentou.
Assista à entrevista
Fonte: CUT Brasil com apoio da RBA