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Em meio à crise, donos de grandes fortunas aumentaram patrimônio em 7,7% desde janeiro
Em meio à maior crise econômica da história recente, as grandes fortunas brasileiras viram o patrimônio financeiro crescer 7,7% no primeiro semestre, de acordo com o jornal Valor Econômico. No ano passado, esse mesmo setor havia sofrido uma contração de 1,2%.
O valor administrado pelos gestores especializados em grandes clientes atingiu a cifra de R$ 68,53 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). A média por cliente também subiu dramaticamente: de R$ 16,43 milhões em dezembro de 2014, ela passou para R$ 19,29 milhões em junho de 2015.
Um terceiro dado interessante é o comportamento cada vez mais conservador dos super-ricos brasileiros, que passaram a se apoiar nas aplicações vinculadas à taxa básica de juros ao invés de buscar investimentos de risco. A parcela aplicada em renda fixa cresceu 14,8% desde 2014, de tal forma que já representa 42,4% do valor administrado.
“É preciso deixar uma coisa muito clara: existe um segmento dentro da sociedade que ganha mesmo com a crise, em detrimento da classe trabalhadora. São aqueles que apostam no aumento da taxa Selic, que dominam o capital especulativo. Enquanto a grande maioria perde, esse segmento continua ganhando”, explicou Eduardo Navarro, diretor executivo da CTB. “Enquanto as fortunas nunca são taxadas, os impostos recaem sobre o consumo e sobre a renda. Isso mostra que são os trabalhadores que pagam pela crise”, continuou. Navarro partiu da observação de que essas duas categorias representam uma parcela muito grande do uso do dinheiro dos trabalhadores, e portanto recaem de forma muito mais agressiva sobre eles.
O dirigente falou sobre a importância da proposição atual de taxar grandes fortunas, encabeçada pelo Governo Federal, e sobre a necessidade de uma reforma tributária que transforme a estrutura de impostos brasileira em um regime que transfira para os ricos a maior responsabilidade tributária. Ele concluiu falando sobre uma solução de curto prazo para a crise econômica do país: “A solução seria enviar um projeto de lei em que as grandes fortunas e grandes heranças fossem tributadas. Fora desse escopo, seria preciso taxar também a remessa de lucros ao exterior. Essas três pilares já dariam a folga no ajuste fiscal, que não precisaria jogar seu preço sobre a classe trabalhadora”.
Fonte: CTB
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