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Partidos de esquerda e movimentos sociais debatem frente de enfrentamento a Bolsonaro em Porto Alegre
A convite da Rede Soberania e do Jornal Brasil de Fato, partidos de esquerda, movimentos sociais e organizações populares lotaram na noite desta segunda-feira (26), no Teatro Dante Barone, na Assembleia Legislativa do RS, em Porto Alegre. O debate sobre a construção de uma frente democrática de enfrentamento ao governo Bolsonaro contou com a participação da ex-deputada Manuela d’Avila (PCdoB), da presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, do ex-governador Tarso Genro, do ex-prefeito Raul Pont, do presidente do PCdoB, exc-deputado Juliano Roso, do presidente do PT do RS, deputado Pepe Vargas, e da sindicalista e militante do PSOL, Neiva Lazarotto, além de ativistas dos movimentos sociais, sindical, estudantil e populares.
Abrindo o ato, Tarso Genro. disse que a responsabilidade do debate desta noite não se limita às fronteiras do país, como é o caso da defesa da Amazônia, como defesa primeira da vida. “As últimas pesquisas mostram que a ampla maioria do povo brasileiro está contra Bolsonaro e que a maioria dos líderes mundiais tem repulsa pelos atos do seu governo”, ressaltou o ex-governador. “Vamos iniciar nestas eleições uma aliança que dissolva as fronteiras democráticas dos nossos partidos em nome de um bem maior, que é derrotar o fascismo”, defendeu.
Em nome do PCO, Paulo Silva afirmou que estamos vivenciando crimes muito graves no Brasil. Segundo ele, a maneira de enfrentar o Bolsonarismo é o povo responder aos ataques que vem sofrendo. ”O único jeito de sair desta verdadeira ditadura é com o povo tomando às ruas. Precisamos convocar às ruas os milhões de desempregados”, concluiu.
Bolsonaro é destruição de direitos
Raul Pont lembrou que, embora alguns partidos não estejam formalmente presentes na atividade, sua militância está presente nas lutas, como aconteceu na tarde desta segunda-feira, na defesa da universidade pública. “O governo Bolsonaro mostra sua verdadeira face, que é a destruição de direitos que a população levou décadas e séculos para conquistar. Por isso estamos aqui hoje, para com a unidade da esquerda defender a democracia”, destacou o ex-prefeito.
A nova presidenta da União Estadual de Estudantes (UEE), Gerusa Penna, frisou que não dá para aceitar o que o governo Bolsonaro está fazendo com a educação no Brasil. “Neste final de semana, reunimos cerca de 400 estudantes num processo de unificação da luta, que elegeu uma chapa de consenso e unidade de todas as forças do movimento. É esta unidade que queremos na Frente de Esquerda em defesa dos direitos do povo”, destacou Gerusa.
Representando a Agapan, o ambientalista Francisco Milanez lembrou que a entidade tem 48 anos e neste período nunca enfrentou uma destruição ambiental tão grande como o ataque promovido pelo governo Bolsonaro. ”Nossa entidade não tem bandeira desde que tenha compromisso com a defesa do meio ambiente”, disse. “Temos dois brasis hoje: o da encenação de absurdos sob os holofotes e os vendilhões do nosso patrimônio atuando atrás dos panos”, afirmou. ” Neste momento temos que ser generosos e acolhedores para defender o Brasil”, concluiu Milanez.
Lula livre e Marielle vive
Dirigente do PSOL, Neiva Lazarotto lembrou que seu grupo dentro do PSOL sempre esteve nas ruas e nas lutas unificadas contra o golpe, em defesa da liberdade de Lula, na greve geral e nos atos em defesa da educação. Ela informou que a companheira Berna Menezes participa de um grupo de trabalho que discute nacionalmente a construção da frente.
”A unidade nossa na luta e as alianças não são contraditórias. A unidade é nosso dever. Entendemos que a unidade programática é fundamental. Esta é a tarefa número 1. Não podemos ter um minuto de sossego, enquanto tivermos milhões de desempregados, enquanto nossas escolas perdem alunos porque não tem dinheiro para o transporte”, defendeu. Neiva.
”Precisamos discutir, na esfera municipal, um projeto de país. Queremos um programa classista, ecossocialista, feminista e com respeito aos direitos humanos”, a militante do PSOL, conclamando “contra o bolsonarismo, contra o fascismo, em defesa dos direitos do nosso povo, Lula livre e Marielle vive”.
Defender o Brasil, a democracia e a soberania nacional
Gleisi Hoffmann iniciou sua fala citando a pesquisa da CNT que aponta que o presidente da República já tem 53% de avaliação negativa. “Bolsonaro não ataca só o que construímos de políticas públicas nos governos Lula e Dilma, mas ataca direitos que foram construídos desde a redemocratização do país“, ressaltou. “Estamos aqui unidos para defender o Brasil, a democracia, a soberania nacional”, disse.
A presidente nacional do PT lembrou que “estamos enfrentando sucessivos golpes”: o afastamento de Dilma, a prisão de Lula, a reforma trabalhista, a campanha fraudada com fake news e caixa 2 de Bolsonaro, e a reforma da Previdência. “Mas estamos enfrentando tudo sem baixar a cabeça, pois sabemos que estamos do lado certo da história “, destacou.
“Quando erguemos a bandeira Lula Livre é em defesa da democracia que o fazemos, pois não pode existir democracia com presos políticos. Quando queremos saber quem mandou matar Marielle é o Estado Democrático de Direito que defendemos, pois não podemos conviver com grupos de extermínio”, afirmou Gleisi. “Estamos aqui hoje para que a frente que estamos construindo nacionalmente reverbere nas cidades, pois não tem como discutir as cidades sem debater financiamento público”, defendeu Gleisi, saudando a iniciativa de Porto Alegre.
Devolver a esperança para a cidade
Encerrando o ato, Manuela d’Avila iniciou saudando as presenças dos ex-deputados Raul Carrion e Flavio Koutzii, sentados lado a lado na plateia. “Enquanto eles comemoram Ustra, nós temos vocês e temos uma história”.
“Quero começar dizendo que estou muito feliz em estar aqui. Quero dizer que é muito bom olhar com tranquilidade nos olhos de pessoas que me conhecem desde menina, e poder dizer que tenho a consciencia tranquila. A tranquilidade de saber que este é mais um episódio de uma luta política que travamos neste país”, afirmou.
“Eu vi acontecer em Gramado, neste sábado, o que aconteceu comigo há quatro anos. Naquela época era eu uma liderança política sendo agredida junto com a minha filha. Agora um ator foi agredido junto com a sua filha”, comentou.
Manuela afirmou que Bolsonaro é um desastre econômico para o país. “No final da década de 1980, nesta cidade nós mostramos que era possível uma outra forma de governo, quando construímos o Pisa no sonho de devolver o rio Guaíba à população. Nos anos 90 construímos as referências de creches comunitárias”, lembrou.
“Será que o nosso desafio não é devolver a esperança para a cidade? De ousar novamente como ousamos na época com a descentralização da cultura, com o Funproarte, com as grandes obras viárias, da descentralização das feiras da agricultura familiar, das hortas escolares? Me lembrei de muitas coisas que construímos: o Plano Diretor, a Procempa. Me lembrei de coisas incríveis que fizemos em um momento muito difícil do nosso estado e do nosso país. E lembrei de tudo isso para dizer que podemos cantar a esperança em 2020″, destacou a ex-candidata a vice-presidente da República.
Para Manuela, “se conseguimos isso nos anos 90 e no início dos anos 2000, quando ousamos dizer que um outro mundo inteiro é possível, podemos fazer de novo se olharmos para muito além de nós mesmos. Precisamos conversar com as pessoas que não pensam da mesma maneira que a gente”.
“O que nos faz caracterizar Bolsonaro como fascista é este discurso que transforma todos nós em uma massa uniforme que deve ser exterminada. Mas não existe uma massa uniforme do lado de lá. Esta visão só serve a eles. O nosso povo não é assim. O nosso lugar não é o de levar pedrada com criança no colo, mas o da creche comunitária. As pessoas querem falar dos problemas reais”, salientou Manuela, muito aplaudida pelos presentes.