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Trabalhadores e movimentos sociais voltam às ruas contra golpe e ajuste fiscal e exigem saída de Cunha
Menos de uma semana depois da 20ª Marcha dos Sem, os trabalhadores e os movimentos sociais realizaram nesta quarta-feira (16/12) outra grande mobilização em Porto Alegre contra o golpe do impeachment, pela saída do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e contra o ajuste fiscal. Mais de 5 mil pessoas tomaram as ruas do centro da capital gaúcha, no embalo de “Não vai ter golpe, vai ter luta” e “Cunha, ladrão, teu lugar é na prisão”.
A atividade marcou o dia nacional de luta, organizado pela Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo, que congregam centrais sindicais, movimentos sociais, PT e PCdoB, UNE, MST e MTST, dentre outras representações.
Houve também manifestações nas ruas de 25 estados e no Distrito Federal. Em São Paulo, segundo o balanço da CUT, cerca de 100 mil pessoas ocuparam a Avenida Paulista e protestaram contra os golpistas, em defesa da democracia e por mudanças na política econômica.
Na capital gaúcha, os manifestantes se concentraram, a partir das 17h, em frente à Prefeitura, onde saíram em caminhada por volta das 18h30 pelo Largo Glênio Peres, ruas Voluntários da Pátria e Vigário José Inácio, avenidas Salgado Filho e Borges de Medeiros. A passeata terminou na Esquina Democrática, com a realização de um ato público.
Não vai ter golpe
Enquanto os manifestantes se organizavam para partir em marcha pelas principais ruas da Capital, integrantes dos movimentos sociais se encarregavam de puxar os cantos: “Não vai ter golpe, vai ter luta”, “Ai, ai, ai, empurra o Cunha que ele cai”, “Pisa ligeiro, pisa ligeiro, quem não pode com a formiga não atiça o formigueiro”. Ao mesmo tempo distribuíam panfletos informando sobre os motivos do ato.
Depois, os manifestantes cruzaram o Largo Glênio Peres, a essa altura já com a participação também do movimento cultural da cidade, e seguiram em marcha pelas ruas centrais dos arredores. Com muitas faixas em defesa da democracia, bandeiras de diferentes cores e representações, camisetas e adesivos com “Fora, Cunha”, eles gritavam empolgado “Não vai ter golpe, vai ter luta”.
Aos comerciantes que estavam em frente às lojas e ao público, eles faziam um apelo: “Vem, vem, vem pra rua vem, que é contra o golpe”. Em alguns momentos interromperam os cantos para explicar à população os motivos da marcha. “Partidos, trabalhadores e trabalhadoras viemos dialogar com os nossos: Não vai ter golpe, vai ter luta”, disse um dos manifestantes.
“Os golpistas que querem o impeachment são os mesmos que querem flexibilizar a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), que querem retirar direitos dos trabalhadores”, apontou a secretária de Finanças da CUT-RS, Vitalina Gonçalves, enquanto os manifestantes passavam por paradas de ônibus lotadas.”Não vai ter golpe, vai ter luta”, ressaltou.
O ato se encerrou na Esquina Democrática com manifestação de inúmeras lideranças, desde representantes de partidos de esquerda, de centrais sindicais até de diversos movimentos sociais. Presidente estadual do Partido dos Trabalhadores (PT), Ari Vannazzi admitiu que o próprio partido tem críticas ao governo da presidente Dilma, contudo é inadmissível “um golpe.”
Quem são os golpistas
“Não se esqueçam de falar para os colegas, os vizinhos, que os golpistas do impeachment são os mesmos que querem estender a terceirização sem limites, são os mesmos que dizem que a valorização do salário mínimo não é compatível com o país”, alertou o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo.
O dirigente sindical frisou também que os defensores do impeachment são os mesmos que criticam os investimentos do governo nos programas Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida, Prouni e Mais Médicos, os classificando como “gastança”, pois “eles não querem dar oportunidade aos pobres” .
Claudir lembrou que se hoje existe combate à corrupção, como nunca se viu antes, é porque a presidenta Dilma assinou a lei anticorrupção em 2012, o que já botou na cadeia políticos, empreiteiros e banqueiros envolvidos em falcatruas e outros tantos crimes estão sendo investigados.
“Cunha e os seus aliados querem um ajuste fiscal ainda mais profundo e às custas da classe trabalhadora”, denunciou Claudir. “Não vai ter golpe, vai ter luta. Fora, Cunha”, salientou. “Nós vamos colocar os golpistas em seu devido lugar”, concluiu.
Ato se encerrou na Esquina Democrática com o discurso de inúmeros representantes de movimentos sociais | Foto: Guilherme Santos/Sul21
Representante da União Nacional dos Estudantes (UNE), Lucas Maróstica começou sua fala comunicando que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, havia, no final da tarde desta quarta-feira, feito um pedido de afastamento de Cunha da presidência da Câmara ao Supremo Tribunal Federal (STF), motivo de muita comemoração pelos manifestantes e agitação das bandeiras. Em seguida, ele focou na importância dos movimentos sociais irem para as ruas. “Não se trata de apoiar o governo Dilma, trata-se dos avanços que estão em jogo”, argumentou o estudante.
“Todos que têm compromisso com a democracia têm de se multiplicar”, reforçou a presidente do Cpers Sindicato, Helenir Schürer.
Já a coordenadora estadual do Movimento Negro Unificado, Ana Honorato, aproveitou para convocar todos a participarem do lançamento da Frente Negra em Defesa da Democracia, na próxima segunda-feira (21), às 18h, na Assembleia Legislativa. “É mais uma frente que se soma à defesa da democracia”, completou ela.
Da União Brasileira de Mulheres, Tite Alves afirmou que os defensores do impeachment são os “que refutam as conquistas brasileiras.” Para ela, “com democracia não se brinca, estaremos nas ruas gritando mais alto”, avisou, num recado a movimentos pró-impeachment.
Ao final, um dos organizadores do ato pela Frente Povo Sem Medo, Mateus Portela, avaliou a manifestação como “um avanço” devido à “unidade” dos diversos movimentos socais que se juntaram à marcha. Também, segundo ele, foi importante “dialogar com a população” sobre o momento que o país passa e os reflexos da política econômica. “Os banqueiros lucram e a população paga esse lucro”, observou o jovem, que também integra o Movimento Livre de Bairros, Favelas (MLB).
Os agentes da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) calcularam que 4 mil pessoas participaram do ato. Para a CUT-RS, foram mais de 5 mil manifestantes. “Não vai ter golpe, vai ter luta. Fora Cunha”.
Fonte: CUT RS