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Oficina da CUT no FST reforça combate à violência sexista contra as mulheres
Atividade autogestionária do Fórum Social Temático (FST), a oficina “Violência Sexista no Local de Trabalho”, promovida pela CUT, debateu alternativas de enfrentamento a uma das maiores preocupações das trabalhadoras brasileiras: a violência majoritariamente praticada por homens não só no local de trabalho, mas em casa e outros locais públicos. “Essa violência é praticada pelo simples fato de a pessoa ter nascido mulher”, resumiu Juneia Batista, secretária Nacional da Mulher Trabalhadora da CUT e coordenadora do evento.
O debate foi realizado na tarde quente desta quarta-feira (20), na unidade porto-alegrense da Ulbra (Universidade Luterana do Brasil) e contou com aproximadamente 40 pessoas – a maioria mulheres – que se revezaram falando da militância travada contra a violência sexista, a partir das entidades que representam, citando casos de violência e sugerindo alternativas de combate à violência contra a mulher.
Segundo Juneia, a violência se dá de várias formas, desde a exigência de ser “multifunção” nos setores de produção das fábricas, o fato de receber cerca de 30% menos que os homens para realizar o mesmo trabalho, o desequilíbrio de poder (funções de comando na mão dos homens), normas muito rígidas de controle da mulher no ambiente de trabalho (contagem do tempo de ida ao banheiro) e preconceito (idade e número de filhos, por exemplo, implica restrições na contratação das mulheres).
Juneia lembra que as mulheres também sofrem violência sexista fora dos ambientes de trabalho, ou seja, nas ruas, nas paradas de ônibus, dentro dos transportes coletivos. Muitas mulheres ainda sofrem assédio sexual por parte de colegas de trabalho e de chefias, que usam o poder para assediá-las. “Os sindicatos têm obrigação de serem parceiros na luta contra a violência e a discriminação contra as mulheres nos locais de trabalho, denunciando e combatendo os casos de assédio moral e sexual”, disse.
Para a advogada Beatriz da Rosa Vasconcelos, integrante da Thêmis (Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero), é preciso haver mais união e solidariedade entre as mulheres vítimas e não vítimas de casos de violência física e sexual e maior empenho dos órgãos do Estado. Ela citou o caso de um juiz que decretou prisão preventiva de um agressor não pelo fato de ele ter agredido e fosse reincidente nas agressões, mas sim pelo fato de ter desobedecido a justiça. “Ou seja, a mulher e seus direitos ficaram mais uma vez em segundo plano.”
Para Beatriz, são inclusive culturais as causas das violências contra as mulheres. “A sociedade é machista e, desde pequenas, as mulheres são instadas a cumprir papéis secundários e de subserviência. E esta desvalorização acaba comprometendo toda a vida destas mulheres”, destacou.
As experiências e idéias abordadas na oficina servirão de subsídio para a elaboração de propostas, visando o enfrentamento das situações de violência vividas pelas mulheres não só nos locais de trabalho, mas também em casa, nas ruas e em outros locais públicos e de convivência.
Fonte: CUT RS